Sobre
Por acontecer no átrio do chá é um trabalho que acontece entre um encontro e o próximo encontro, entre um chá e outro, é também o que acontece através de servir um chá.
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O chá abre as portas dos ateliês de amigos e daqueles que venho a conhecer através dele. O chá reúne-nos e, depois, coloca-me aqui para escrever.
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O chá também é o anfitrião, aquele que está a tua espera, pode acolher-te, recompor-te, restaurar-te, equilibrar-te, renovar-te. Mas ele é muito mais que isso, sem ser mais, porque é silencioso.
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É um trabalho de desenho. Desenho chás. As pessoas experimentam esse desenho no seu corpo, bebem-no.
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Também é um trabalho de escritura, de escuta, de reunir elementos ao redor de um bule.
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Ao redor do bule reúnem-se o fogo, o ar expandido em aroma, a água, a terra que se apresenta através das ervas, sua expressão tão vária. Junto ao bule, a reunir assim os elementos, aproximam-se os textos, os relatos, as imagens, os gestos, as cenas, os fulgores.
E o espaço pode finalmente ser ouvido de lugar.
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Átrio, esse lugar interno:
se no corpo, uma câmara no coração;
se numa casa ou outra construção maior, um jardim interno, um quarto reservado, um pátio.
Nos átrios, são os próprios trabalhos dos artistas que se descobrem, se comunicam, se visitam fazendo-se chá, servindo-se do encontro que, desenhado, pode ser bebido e, quem sabe, desdobrado em processo.
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